sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O que aprendi com a morte.



Difícil escrever estas linhas, pois a dor da perda ainda lateja como uma ferida aberta, que após 1 ano e três meses, parece não ter previsão para cicatrizar. Até então, não me sentia forte o suficiente para escrever sobre isso, porém, acredito que chegou o momento.

A maior dificuldade do ser humano é lidar com a morte. Nascemos com esta certeza, no entanto, a maioria das pessoas vivem como se fossem imortais, e evitam este assunto como se falar dele, a atraísse. Não é nenhuma novidade que a dor da perda é ainda maior, quando na maioria das vezes não se teve a chance de dar adeus, ou de dar aquele último abraço apertado, ou ainda de dizer eu te amo, ou pior, de nunca ter dito. Dói ainda mais, pois raramente falamos para aquela pessoa o quanto ela é importante na nossa vida, e o quanto ela fará falta.

Muitos são os conselhos sobre “Carpe diem”, que significa aproveitar o dia, valorizar mais a vida, e principalmente não deixar para amanhã o que pode ser feito hoje, pois o amanhã, realmente não sabemos. Mas mesmo assim, saímos todos os dias de casa, levados pela pressa do dia a dia e de uma vida corrida cheia de obrigações, e nisso deixamos de aproveitar os melhores momentos, como aquele café com a família, ou um beijo de despedida, afinal, pode ser o último. E se você soubesse que hoje é seu último dia, o que gostaria de ter feito?

O Jornal Zero Hora, ano passado fez uma matéria sobre O que querem, no fim da vida, doentes sem chance de cura. Perguntaram à eles, quais seus desejos, e todos diziam que queriam melhorar, e seguir com suas vidas, como era antes da doença. Muitas pessoas reclamam de suas vidas, no entanto, quando deparam-se com o fim, desejam fortemente continuar de onde pararam.

Eu, apenar de toda a dor que ainda sinto dia após dia, me considero uma pessoa de sorte, pois me foi oportunizada a chance de me despedir do meu pai. Um violento câncer o acometeu no fim de 2014, e tive 8 meses para estar ao lado dele, cuidar e demonstrar por ele toda a gratidão que sentia por ter sido sua filha. Abracei, sorri, e fui forte como jamais imaginei que pudesse ser, para que juntos, enfrentássemos este momento.

Neste perído não havia mais tempo para mágoas ou desentendimentos, pois isso agora era irrelevante. A vida mudou de perspectiva, era literalmente viver o hoje, sem saber se no amanhã, o teria aqui ao meu lado.

Tive muitos receios, e hoje alguns arrependimentos, como “deveria ter passado mais tempo com ele”, ou “deveria ter dito mais que o amava”, acreditava que minhas atitudes demonstravam amor, mas sempre a saudade me cobrará cada segundo que deixei de aproveitar ao lado dele. Quando não havia mais muito do meu pai, pois a doença já o havia conumido, disse que o amava, e que nós (eu e minha irmã) o amaríamos para sempre, então, algumas horas após ele se foi.

E qual era a maior vontade dele, nos seus últimos dias de vida? Voltar pra casa, e fazer um churrasco para a família. Era estar ao lado das filhas, e nos acompanhar na nossa vida, participando de cada momento, assim como sempre fizera.

Memento Mori, é uma expressão latina que significa algo como "Lembre-se de que você é mortal" ou "lembre-se de que você vai morrer". Dito isso, resta a reflexão: o que você tem feito para aproveitar os momentos mais valiosos que você tem na vida, o hoje? O quanto você aproveita os momentos com aqueles que ama, a vida que tem?

Devemos sempre ambicionar uma vida melhor, o crescimento pessoal e profissional, porém, jamais devemos deixar de viver o que realmente importa, o HOJE, o aqui e o agora!




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